Temer a morte
É apenas uma pequena homenagem e um registo para que nunca se esqueça que existe tráfico de seres humanos, quer seja, na forma laboral, sexual ou de outra forma qualquer nojenta.Pois que, ó cidadãos, o temer a morte não é outra coisa que parecer ter sabedoria, não tendo. É de fato parecer saber o que não se sabe. Ninguém sabe, na verdade, se por acaso a morte não é o maior de todos os bens para o homem, e entretanto todos a temem, como se soubessem, com certeza, que é o maior dos males. E o que é senão ignorancia, de todas a mais reprovavel, acreditar saber aquilo que não se sabe?Platão in “Apologia de Sócrates”
tradução de Maria Lacerda de Souza
Sei perfeitamente, que ao estar aqui sentada no meu sofá, não ajuda quem está lá fora a passar as maiores amarguras da vida. Sei perfeitamente que não sei nem tenho consciência do que essas pessoas passam na pele. Sei perfeitamente que não sei como ajudar. Apenas sei que esta questão sempre existiu desde há centenas de anos de forma racial e hoje existe por outra forma. E sei que aqui há uns anos existia e ninguém falava... e ao não falar... não existia... ou ignorava-se. Sei apenas que devemos não nos esquecermos deste assunto, devemos falar, escrever, registar e memorizar, para que todas as autoridades competentes tentem ajudar o mais que possam (talvez não porque lhes apeteça, mas nem que seja só por pressão da imagem que passam, os países exportadores como os importadores, para o mundo). E sei apenas que devemos não nos esquecermos deste assunto, devemos falar, escrever, registar e memorizar, para que nos lembremos de quão egoístas somos quando falamos das nossas vidinhas e passamos a vida a queixar-nos...
Sei que devemos pedir sempre uma vida melhor, mas há pessoas que nem sequer pedir podem.